O grande partideiro Antônio Candeia Filho nasceu no dia 17 de agosto de 1935 no Rio de Janeiro, seu pai era tipógrafo, flautista e integrante da comissão de frente de escolas de samba. Quando criança no seu aniversário o pai promovia uma grande roda de samba para os amigos como Paulo da Portela, João da Gente Zé da Zilda, regada à feijoada e cachaça.
Aprendeu a tocar violão e cavaquinho e passou a participar das reuniões de sambistas na casa de Dona Ester. Também por essa época fez amizade com vários compositores como Luperce Miranda, passou a freqüentar também terreiros de candomblé, rodas de capoeira e a Escola de Samba Vai Como Pode, que deu origem a Portela.
Começou cedo a compor, o seu primeiro samba-enredo “Seis Datas Magnas” foi feito para a Portela em 1953, e a escola foi campeã atingindo nota máxima em todos os quesitos.
Aos 22 anos entrou para a Polícia Civil assumindo o cargo de Investigador, severo vivia prendendo prostitutas e malandros. No dia 13 de dezembro de 1965, após abordar um caminhão foi surpreendido pelo motorista que lhe deu 5 tiros, um deles se alojou na medula óssea o tornando paralítico. Logo depois foi obrigado a se afastar da profissão e passou a se dedicar à sua vida artística.
Sua vida e obra se transformaram em seus sambas podemos notar o doloroso e sereno diálogo com a deficiência e morte pressentida. Recolheu-se em casa não recebia praticamente ninguém, foi um custo para os amigos como Martinho da Vila e Bibi Ferreira trazerem-no de volta.
Os pagodes voltaram a acontecer no fundo do quintal de Candeia que comandava tudo de seu trono de rei, a cadeira que nunca mais abandonaria.
1975 foi um ano importante para Candeia quando fundou junto com Nei Lopes e Wilson Moreira o Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo, que deveria carregar a bandeira do samba autêntico, sobre os objetivos da nova escola ele dizia “Escola de Samba é o povo na sua manifestação mais autêntica! Quando o samba se submete as influências externas, a escola de samba deixa de representar a cultura do nosso povo.”
No mesmo ano de 75, Candeia compunha Testamento de Partideiro, onde dizia: Quem rezar por mim que o faça sambando.
Em 78, ano de sua morte, gravou “Axé! Gente amiga do samba” e publicou seu livro escrito juntamente com Isnard: Escola de Samba, Árvore que perdeu a Raiz.
Samba de Roda foi lançado em 1975 pela gravadora Tapecar, disco que Candeia mostra alguns resultados de sua pesquisa de arte negra adaptando e interpretando diversos motivos folclóricos da Bahia e algumas outras canções.
O álbum inteiro é maravilhoso do começo ao fim, parece que estamos no fundo do quintal de Candeia participando da roda.
02. conselhos de vadio (Alvarenga)
03. alegria perdida (Candeia - Wilson Moreira)
04. camafeu (Martinho da Vila)
05. sinhá dona da casa (Candeia - Netinho)
06. acalentava (Candeia)
07. seleção de Partido Alto: samba na tendinha (Candeia) / já clareou (Dewett Cardoso) / não tem veneno (Candeia - Wilson Moreira) / Eskindôlelê (Candeia) / Olha hora Maria (Folclore adpt. Candeia)
08. motivos folclóricos da Bahia: a- capoira: Ai, Haydê (Folclore) / Paranauê (Folclore adpt. Candeia); b- maculelê: Sou eu, sou eu (Folclore) / Não mate homem (Folclore adpt. Candeia); c- candomblé: Deus que lhe dê (Folclore) / Salve! Salve! (Folclore adpt. Candeia); d- Samba de Roda: Porque não veio (Folclore adpt. Candeia)
...Bon Voyage!
ao som de Camefeu e Sinhá Dona da Casa
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