segunda-feira, outubro 22, 2007

Samba de Roda


O grande partideiro Antônio Candeia Filho nasceu no dia 17 de agosto de 1935 no Rio de Janeiro, seu pai era tipógrafo, flautista e integrante da comissão de frente de escolas de samba. Quando criança no seu aniversário o pai promovia uma grande roda de samba para os amigos como Paulo da Portela, João da Gente Zé da Zilda, regada à feijoada e cachaça.
Aprendeu a tocar violão e cavaquinho e passou a participar das reuniões de sambistas na casa de Dona Ester. Também por essa época fez amizade com vários compositores como Luperce Miranda, passou a freqüentar também terreiros de candomblé, rodas de capoeira e a Escola de Samba Vai Como Pode, que deu origem a Portela.
Começou cedo a compor, o seu primeiro samba-enredo “Seis Datas Magnas” foi feito para a Portela em 1953, e a escola foi campeã atingindo nota máxima em todos os quesitos.
Aos 22 anos entrou para a Polícia Civil assumindo o cargo de Investigador, severo vivia prendendo prostitutas e malandros. No dia 13 de dezembro de 1965, após abordar um caminhão foi surpreendido pelo motorista que lhe deu 5 tiros, um deles se alojou na medula óssea o tornando paralítico. Logo depois foi obrigado a se afastar da profissão e passou a se dedicar à sua vida artística.
Sua vida e obra se transformaram em seus sambas podemos notar o doloroso e sereno diálogo com a deficiência e morte pressentida. Recolheu-se em casa não recebia praticamente ninguém, foi um custo para os amigos como Martinho da Vila e Bibi Ferreira trazerem-no de volta.
Os pagodes voltaram a acontecer no fundo do quintal de Candeia que comandava tudo de seu trono de rei, a cadeira que nunca mais abandonaria.
1975 foi um ano importante para Candeia quando fundou junto com Nei Lopes e Wilson Moreira o Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo, que deveria carregar a bandeira do samba autêntico, sobre os objetivos da nova escola ele dizia “Escola de Samba é o povo na sua manifestação mais autêntica! Quando o samba se submete as influências externas, a escola de samba deixa de representar a cultura do nosso povo.”
No mesmo ano de 75, Candeia compunha Testamento de Partideiro, onde dizia: Quem rezar por mim que o faça sambando.
Em 78, ano de sua morte, gravou “Axé! Gente amiga do samba” e publicou seu livro escrito juntamente com Isnard: Escola de Samba, Árvore que perdeu a Raiz.

Samba de Roda foi lançado em 1975 pela gravadora Tapecar, disco que Candeia mostra alguns resultados de sua pesquisa de arte negra adaptando e interpretando diversos motivos folclóricos da Bahia e algumas outras canções.
O álbum inteiro é maravilhoso do começo ao fim, parece que estamos no fundo do quintal de Candeia participando da roda.

01. brinde ao cansaço (Candeia)

02. conselhos de vadio (Alvarenga)

03. alegria perdida (Candeia - Wilson Moreira)

04. camafeu (Martinho da Vila)

05. sinhá dona da casa (Candeia - Netinho)

06. acalentava (Candeia)

07. seleção de Partido Alto: samba na tendinha (Candeia) / já clareou (Dewett Cardoso) / não tem veneno (Candeia - Wilson Moreira) / Eskindôlelê (Candeia) / Olha hora Maria (Folclore adpt. Candeia)

08. motivos folclóricos da Bahia: a- capoira: Ai, Haydê (Folclore) / Paranauê (Folclore adpt. Candeia); b- maculelê: Sou eu, sou eu (Folclore) / Não mate homem (Folclore adpt. Candeia); c- candomblé: Deus que lhe dê (Folclore) / Salve! Salve! (Folclore adpt. Candeia); d- Samba de Roda: Porque não veio (Folclore adpt. Candeia)

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...Bon Voyage!

ao som de Camefeu e Sinhá Dona da Casa

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